O Uso e Abuso de Álcool e Outras substâncias por pessoas vivendo com HIV
PARA QUEM VIVE COM HIV
Conviver com HIV já não significarenunciar a qualidade de vida e bem-estar. Contudo, para que otratamento seja eficaz e duradouro, aadesão correta ao tratamento e ocuidado com o uso de substâncias,como o álcool e outras drogas, éessencial. É importante entender queo álcool e as drogas, quando usadosfrequentemente ou em grandesquantidades, podem causar diversosproblemas físicos e psicológicos,além de interferirem diretamente notratamento.
Efeitos Físicos do Álcool e das Drogas
Para pessoas vivendo com HIV, o consumo de álcool pode trazer riscos adicionais. Embora os remédios modernos não interajam diretamente com o álcool, o consumo excessivo de bebidas pode amplificar os efeitos colaterais da medicação, como fadiga, problemas digestivos e danos ao fígado. Segundo o infectologista Dr. Durval Costa, “não existe uma dose segura de álcool; mesmo um copo pode piorar os efeitos colaterais do tratamento em algumas pessoas.” Ele acrescenta: “Para quem vive com HIV e gosta de beber socialmente, o importante é evitar a frequência e tomar o medicamento corretamente, mesmo nos dias em que consumir álcool, para não comprometer o tratamento.”
Essas substâncias recreativas, quando usadas em excesso, acabam sobrecarregando o fígado e os rins, o que pode comprometer o tratamento e trazer sérios riscos,” explica Dr. Durval. O uso constante de substâncias como cocaína e crack pode comprometer o sistema respiratório, e, como ele ressalta, “o uso frequente de drogas vicia e, com o tempo, leva a danos irreversíveis, como insuficiência hepática e problemas pulmonares.”
O Impacto do Álcool e das Drogas no Aspecto Psicológico
Além dos efeitos físicos, o uso abusivo de álcool e outras drogas também afeta a saúde mental de pessoas vivendo com HIV. O estigma associado ao HIV, em conjunto com os desafios da vida cotidiana, pode fazer com que algumas pessoas recorram ao álcool ou às drogas como uma forma de lidar com o sofrimento emocional. Lucas de Vito, psicólogo especializado em sexualidade humana e comunidade LGBT, observa: “É comum que pacientes busquem no uso de substâncias um alívio temporário para a dor emocional, mas esse comportamento cria um ciclo prejudicial.” Ele explica que, ao tentar “anestesiar o sofrimento”, a pessoa acaba criando novos problemas, como dependência e ressaca emocional. “Esse ciclo é muito difícil de romper, pois, após o uso, a pessoa experimenta uma ‘ressaca moral’, o que só aumenta o sofrimento psicológico,” ele acrescenta.
Chemsex e os Riscos no Tratamento do HIV
Nos últimos anos, o chemsex, prática que combina o uso de drogas como metanfetamina, GHB, ketamina entre outras substâncias com experiências sexuais intensificadas, tem se tornado mais frequente entre alguns grupos. Embora a intenção seja aumentar o prazer e reduzir inibições, essa prática traz riscos sérios para a saúde física e emocional de pessoas vivendo com HIV, especialmente devido à possibilidade de interferência nos tratamentos. Segundo o psicólogo Lucas de Vito, “o chemsex pode parecer uma forma de escapar de pressões e estigmas, mas tende a se tornar um ciclo prejudicial, dificultando o autocuidado e o controle da própria saúde.” Para aqueles que participam, o apoio profissional é essencial para minimizar os riscos e desenvolver estratégias de autocuidado.
Estratégias para reduzir o uso abusivo de substâncias
Para aqueles que desejam reduzir ou abandonar o uso de álcool e drogas, buscar ajuda é um passo essencial. Lucas de Vito recomenda a criação de uma rede de apoio, composta por amigos, familiares e profissionais de saúde, além da participação em grupos de apoio, como os de terapia em grupo e os grupos de Alcoólicos Anônimos (AA). Estes grupos oferecem um espaço de acolhimento e compreensão, essenciais para quem lida com o HIV e o uso de substâncias. O suporte psicológico e o acompanhamento psiquiátrico são fundamentais para quem quer controlar ou interromper o uso de substâncias, pois ajudam a desenvolver estratégias para lidar com o estigma e o sofrimento emocional sem recorrer ao uso de substâncias. “Buscar um ambiente de apoio, com profissionais e pessoas que compreendem as dificuldades de quem vive com HIV, é essencial para manter o controle e seguir no tratamento,” orienta Lucas.
A Conclusão
Se você vive com HIV e faz uso de álcool ou outras drogas, lembre-se: o caminho para uma vida mais saudável começa com o cuidado e a adesão ao tratamento. Busque ajuda, converse abertamente com seu médico sobre suas necessidades, e procure uma rede de apoio. Parar ou reduzir o uso pode ser desafiador, mas, com o suporte certo, é possível manter uma rotina de autocuidado e viver com mais qualidade e saúde.