Hormônios e saúde óssea
PARA QUEM VIVE COM HIV
O PAPEL DOS HORMÔNIOS NAS NOSSAS VIDAS
Viver com HIV não significa apenas gerenciar ovírus, mas também investir em uma vida plena esaudável. A longevidade é um objetivoalcançável, e compreender como os hormôniose a saúde óssea estão interligados é essencialpara alcançar esse objetivo. Neste capítulo,vamos explorar a complexa relação entrehormônios e a saúde dos ossos, destacando aimportância desse equilíbrio para umenvelhecimento bem-sucedido.
Os hormônios são mensageiros químicos cruciais para o funcionamento adequado do corpo. Em pessoas vivendo com HIV, o equilíbrio hormonal pode ser afetado devido a diversos fatores, incluindo o próprio vírus, efeitos colaterais de medicamentos antirretrovirais e o processo de envelhecimento natural. Dentre os hormônios impactados, destacam-se a testosterona, o estrogênio e o cortisol.
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PRINCIPAIS HORMÔNIOS
Testosterona:
Fundamental para a saúdegeral e a massa muscular, a testosteronapode ser reduzida em pessoas com HIV. Abaixa testosterona está associada a perdade massa óssea e menor densidade mineral óssea.
Estrogênio:
Presente em ambos os sexos,mas predominantemente nas mulheres, oestrogênio desempenha um papel crucial namanutenção da densidade óssea. Emmulheres com HIV, a diminuição nos níveisde estrogênio
Cortisol:
Conhecido como o “hormônio doestresse”, o cortisol, quando elevado porlongos períodos, pode levar à perda óssea. Agestão eficaz do estresse é vital para manterníveis saudáveis de cortisol.
REPOSIÇÃO HORMONAL
O HIV pode influenciar os níveis hormonais, afetando tanto homens quanto mulheres. Segundo a infectologista, nutróloga, certificada em medicina de estilo de vida, Dra. Erika Ferrari Rafael da Silva, homens vivendo com HIV devem considerar a dosagem hormonal em caso de queixas como diminuição da libido, problemas de ereção e redução da pilificação. Essas alterações podem indicar hipogonadismo, que pode ocorrer em qualquer idade. Por outro lado, mulheres com HIV podem experimentar a menopausa mais cedo, por volta de quatro a cinco anos antes da média.
A Dra. Erika destaca que a reposição hormonal não é uma abordagem universal, mas sim uma resposta a queixas e sintomas específicos. No caso dos homens, a dosagem de testosterona, LH e ETH pode ser solicitada, dependendo das queixas apresentadas. Já nas mulheres, é crucial avaliar sintomas como fogachos, ganho de peso e alterações de sono, encaminhando para um ginecologista para uma abordagem mais especializada.
A expectativa de vida para pessoas vivendo com HIV experimentou uma notável transformação nas últimas décadas, passando de um cenário negativo para uma perspectiva mais otimista.
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Uma das mudanças mais significativas na trajetória do HIV foi a revolução nos tratamentos antirretrovirais (TAR). Ao longo dos anos, novas classes de medicamentos foram desenvolvidas, tornando os regimes mais eficazes, acessíveis e com menos efeitos colaterais. Esses avanços possibilitaram a supressão viral eficiente, permitindo que a maioria das pessoas com HIV alcancem o estado de carga viral indetectável.
E, segundo a Dra Erika, a expectativa de vida de uma pessoa vivendo com HIV é praticamente igual a quem não vive, só que o aparecimento das comorbidades nas pessoas que vivem com HIV é mais precoce, por isso o cuidado deve ser maior.
SAÚDE ÓSSEA
O tratamento antirretroviral (TAR) é crucial no manejo do HIV, mas alguns medicamentos, como o tenofovir, podem afetar a densidade mineral óssea ao longo do tempo. A Dra. Erika enfatiza a importância de os profissionais de saúde monitorarem de perto os efeitos colaterais do TAR, especialmente em relação à saúde óssea.
Para envelhecer com saúde, é fundamental adotar uma abordagem multifacetada. Além do monitoramento hormonal, a atividade física regular é recomendada, pois fortalece ossos e músculos. A dieta desempenha um papel crucial, sendo necessário o consumo de alimentos ricos em cálcio e vitamina D. A Dra. Erika destaca que a prevenção primária, como a prática de atividades físicas e uma alimentação saudável, é essencial para um envelhecimento saudável.
Dra. Erika enfatiza a relação entre alimentação e longevidade, alertando sobre os malefícios dos alimentos ultraprocessados. Um estudo com 10 milhões de pessoas revelou a ligação desses alimentos com várias doenças, ressaltando a importância de escolhas alimentares saudáveis.
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Dra. Erika recomenda: “descasque mais e desembale menos”.
A atividade física é destacada como essencial para todas as idades, com a OMS recomendando no mínimo 150 minutos semanais de intensidade moderada a intensa. Dra. Erika observa a necessidade de adaptação, ressaltando a importância do treino de força para manter o equilíbrio e prevenir quedas, especialmente em idosos.
Questões como tabagismo e consumo excessivo de álcool também influenciam diretamente na qualidade de vida das pessoas idosas, com foco nas que vivem com HIV. A falta de sono é destacada, evidenciando seus impactos na produção hormonal e no ganho de peso.
A receita é simples: uma alimentação balanceada, de qualidade, exercícios físicos constantes, evitar bebidas alcólicas e tabaco, e não esquecer do cuidado com a saúde mental.
A conexão social é considerada vital, principalmente para idosos. Dra. Erika enfatiza a importância de pertencer a uma comunidade ou grupo, promovendo conexões sociais significativas para a saúde mental.
RECOMENDAÇÕES PARA CUIDAR DA SAÚDE ÓSSEA:
Alimentação Balanceada: Optar por alimentos ricos em cálcio, como laticínios, peixes e vegetais de folhas escuras.
Atividade Física Regular: Combinar treino aeróbico e de resistência para fortalecer músculos e ossos.
Suplementação Adequada: Considerar a suplementação de vitamina D e cálcio, se necessário, sob orientação médica.
Evitar Fatores de Risco: Abster-se do tabaco, moderar o consumo de álcool e revisar medicamentos com potencial impacto negativo na saúde óssea.
Dra. Erika também abordou a importância da suplementação, especialmente de vitamina D e cálcio, para fortalecer a saúde óssea. Além disso, alertou sobre medicamentos que podem prejudicar os ossos, como inibidores de bombas de próton e corticoides.
PESSOAS TRANS
No universo das pessoas trans vivendo com HIV, as complexidades hormonais necessitam de uma atenção maior. Segundo a infectologista, especialista em comunidade trans, Maria Felipe Medeiros, o vírus em si não interfere diretamente nos níveis hormonais, mas algumas nuances merecem atenção. Por exemplo: certas medicações, como os inibidores de protease e o efavirenz, podem interagir com hormônios, exigindo uma gestão cuidadosa.
“O que a gente pode ter é algumas medicações em uso que podem atrapalhar o uso de hormonização, principalmente quando a gente está falando de mulheres trans e travestis ou pessoas transfeminina que utilizam hormônio na base do estrógeno (o hormônio feminino). Os inibidores de protease atualmente mais utilizados, que são atazanavir com ritonavir e darunavir com ritonavir, que não são medicações de primeira linha, mas que são utilizadas, podem interagir com o estrogênio fazendo com que os níveis séricos de estrogênio diminuam. Assim como o efavirense, que já foi uma medicação utilizada como primeira linha, mas hoje já não mais, mas ainda tem muita gente que usa. Isso também pode afetar”, explica Maria.
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Na entrevista, Dra. Maria discute a frequência ideal de acompanhamento para pessoas vivendo com HIV. Quando os pacientes estão indetectáveis e suas comorbidades estão controladas, a recomendação é realizar consultas a cada seis meses. No entanto, ela ressalta que o intervalo pode variar conforme o estado de saúde individual de cada pessoa. Em casos de adaptação a novos antirretrovirais, o acompanhamento pode ser mais frequente, ajustando-se conforme necessário.
Quanto à suplementação vitamínica em pessoas trans vivendo com HIV, Dra. Maria esclarece que não há recomendações específicas para essa população. O foco deve ser em avaliar individualmente os níveis de vitamina D, especialmente considerando o uso do tenofovir, uma medicação que pode afetar a densidade óssea. Essa orientação, segundo a especialista, é aplicável a todas as pessoas com HIV, independentemente da identidade de gênero.
CONCLUSÃO
As entrevistas com Dra. Erika e Dra. Maria ampliaram nossa compreensão sobre os desafios enfrentados por pessoas vivendo com HIV, especialmente aqueles relacionados à saúde óssea e hormonal. O próximo capítulo abordará estratégias específicas para cuidar da saúde dos nossos rins, levando em conta as informações valiosas compartilhadas pelos especialistas.
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CONCLUSÃO
As entrevistas com Dra. Erika e Dra. Maria ampliaram nossa compreensão sobre os desafios enfrentados por pessoas vivendo com HIV, especialmente aqueles relacionados à saúde óssea e hormonal. O próximo capítulo abordará estratégias específicas para cuidar da saúde dos nossos rins, levando em conta as informações valiosas compartilhadas pelos especialistas.
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