A Importância da Adesão ao Tratamento Antirretroviral
PARA QUEM VIVE COM HIV
Se você recebeu um diagnóstico positivo para hiv, fique tranquilo, você não está só. viver com hiv hoje não é mais sentença de morte, muito pelo contrário. pesquisas indicam que viver com hiv, e estar corretamente em tratamento, faz a pessoa ter a mesma qualidade e expectativa de vida de uma pessoa que não vive com o vírus. mas para isso acontecer, o tratamento deve ser seguido corretamente.
O tratamento antirretroviral (TARV) trouxe uma revolução no combate ao HIV, transformando o vírus em uma condição crônica gerenciável. Porém, para que os resultados sejam positivos, é essencial que os pacientes sigam rigorosamente as orientações médicas e mantenham a adesão ao tratamento.
Como explicou o infectologista, doutor Julius Monteiro, “os gaps no tratamento, ou seja, a interrupção ou irregularidade no uso dos medicamentos, podem permitir que o vírus, que estava controlado, volte a
se multiplicar.” Ele alerta que essas falhas podem levar à seleção de cepas resistentes do vírus, o que complica ainda
mais o tratamento: “A pessoa pode, mesmo fazendo uso da terapia, manter uma carga viral alta e necessitar de um resgate terapêutico.”
Além disso, Julius destaca a preocupação com a transmissão de cepas resistentes: “A pessoa pode infectar outras pessoas com um vírus que já não responde aos medicamentos, o que agrava ainda mais a situação.”
Lembrando que quem está em tratamento corretamente, e com carga viral indetectável, não transmite mais o vírus, mesmo tendo contato direto com o sangue.
O doutor Gustavo de Araújo, professor de infectologia da Universidade Federal de Santa Catarina, também reforça essa questão. Segundo ele, a adesão ao tratamento é fundamental. “Não é como uma pneumonia, onde você toma antibiótico por uma semana e está curado. O tratamento do HIV é contínuo e exige disciplina”. E ele alerta: “Se eu começar a perder o meu ritmo e falhar no tratamento, o resultado final não será o mesmo.”
Efeitos Colaterais das Medicações Antirretrovirais:
É importante ressaltar que, assim como qualquer medicamento, os antirretrovirais podem causar efeitos colaterais. No entanto, como explicou o doutor Gustavo, esses efeitos costumam ser leves, temporários e, na maioria dos casos, desaparecem após o corpo se ajustar à medicação. Ele também lembra que é fundamental comunicar qualquer efeito adverso ao médico, para que ele possa ajustar o tratamento ou recomendar maneiras de aliviar os sintomas. Doutor Julius Monteiro reforça que é importante não interromper o tratamento por conta dos efeitos colaterais. O médico pode ajudar a encontrar uma solução, seja ajustando a medicação ou sugerindo estratégias para lidar com esses desconfortos.
Para ajudar na adesão ao tratamento, o doutor Gustavo sugere algumas dicas práticas:
Se esquecer uma dose, não dobre a próxima: “Se você se lembrar de que esqueceu de tomar o remédio em até 12 horas, pode tomar a dose atrasada. Se passar desse tempo, tome a dose seguinte normalmente. Não se preocupe com uma dose isolada, mas tente não repetir isso frequentemente.”
• Planeje-se antes de viajar: Caso vá fazer uma viagem longa, especialmente para fora do país, o doutor Julius orienta que o paciente informe o seu médico com antecedência e solicite uma quantidade maior de medicamentos: “O SUS pode fornecer até 6 meses de tratamento para quem vai viajar”. Já o doutor Gustavo acrescenta que é importante verificar as regras de importação de medicamentos, caso o paciente precise enviar ou receber medicamentos do exterior.
• Evite a automedicação: Embora alguns medicamentos possam parecer inofensivos, é fundamental que qualquer tratamento paralelo seja discutido com o médico, para evitar interações medicamentosas ou outros efeitos adversos. A adesão ao tratamento também está diretamente ligada à qualidade de vida. Estudos mostram que pessoas vivendo com HIV e com carga viral indetectável podem ter a mesma expectativa de vida que aquelas sem o vírus, ou até maior.” Isso se dá porque, ao seguir corretamente o tratamento, essas pessoas mantêm o vírus sob controle, além de estarem mais conectadas ao sistema de saúde, o que facilita a detecção e o tratamento precoce de outros problemas de saúde”, explica doutor Gustavo.
Para garantir a saúde geral, o doutor Gustavo também sugere práticas que não estão diretamente relacionadas ao HIV, mas que contribuem para uma vida saudável:
Adote um estilo de vida saudável: Mantenha uma alimentação balanceada e rica em nutrientes, e evite o abuso de álcool e outras drogas. Segundo ele, “não há interação direta entre álcool e o antirretroviral, mas o uso abusivo pode trazer outros prejuízos à saúde.”
Fique atento à saúde mental: O tratamento contínuo pode ser emocionalmente desafiador. Manter-se fortalecido emocionalmente e buscar suporte psicológico quando necessário é uma forma de garantir a continuidade do tratamento com sucesso.
Por isso, o principal recado é: manter a regularidade no uso do medicamento e seguir as orientações médicas à risca. Mesmo que surjam momentos de desânimo, como destacou Julius Monteiro, é importante manter a cabeça erguida e emocionalmente fortalecida. “Cada dose conta, e o compromisso com o tratamento hoje é o que garante um futuro com mais qualidade de vida.” O doutor Gustavo finaliza com um ponto essencial: “A adesão é o que vai permitir que, quando os avanços futuros, como medicamentos injetáveis ou até uma cura se tornarem realidade, você esteja saudável para se beneficiar dessas novas possibilidades. Portanto, a constância no tratamento é uma verdadeira maratona, e cada passo firme rumo à adesão é um avanço na direção de uma vida longa e saudável”.