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Aumento progressivo de casos de HIV/aids em mulheres em idade reprodutiva

O aumento progressivo de casos de HIV/aids em mulheres em idade reprodutiva contribuiu para o incremento nas taxas de transmissão vertical, apresentando-se como importante desafio para as políticas públicas de saúde.

A região Norte do Brasil destaca-se no cenário nacional como a que detém maior crescimento nos coeficientes de detecção de HIV em gestantes nos últimos dez anos. Dentro desse panorama epidemiológico, o estado do Pará apresentou a quarta maior taxa do país de detecção de HIV em gestantes, registrando índice de 3,4 casos/mil nascidos vivos em 2017.

O HIV na gestação afeta a qualidade de vida das mulheres e traz repercussões negativas para o binômio mãe-filho, principalmente quando o diagnóstico é realizado tardiamente, tornando a eliminação da transmissão vertical do HIV algo cada vez mais distante.

Estudos demostraram que o risco de transmissão do HIV durante o trabalho de parto é bastante expressivo, correspondendo a cerca de 65%, ao passo que tal risco no decorrer da gestação e amamentação é de 35% e 22%, respectivamente. Entretanto, a implementação de medidas profiláticas ao longo da gestação e parto reduz o risco de transmissão materno-infantil a índices menores que 2%.

Os principais fatores associados a essa via de transmissão refere-se sobretudo à alta carga viral materna, não utilização de antirretrovirais, ruptura da membrana amniótica superior a quatro horas, via do parto, prematuridade da criança e uso de drogas.

Mulheres jovens, com baixo padrão socioeconômico e com poucos anos de estudo apresentam-se como grupo vulnerável para a infecção perinatal, seja pelo desconhecimento dos fatores relacionados à infecção, seja pela possibilidade de gestações consecutivas sem acompanhamento pré-natal adequado.

Nesse sentido, a realização de testes para detecção do HIV durante o pré-natal é uma oportunidade para a triagem sorológica. O conhecimento do diagnóstico positivo para o vírus direciona ações de saúde, tais como a escolha da terapia antirretroviral (TARV) adequada, o planejamento do tipo de parto e o início precoce da profilaxia para os recém-nascidos expostos, a fim de minimizar os fatores de riscos da infecção pelo HIV da mãe para o filho e desfechos pós-natais desfavoráveis.

Pelo exposto, a prevenção da transmissão vertical do HIV configura-se como um desafio importante para a equipe de saúde no âmbito do acompanhamento pré-natal, de modo especial para a assistência de enfermagem, tanto pela complexidade que envolve a atenção a essa gestante quanto pelo cuidado diferenciado demandado ao binômio mãe-filho. Logo, torna-se imprescindível a análise do HIV nesse público feminino de forma mais ampla, levando em consideração as especificidades locais e a adesão às estratégias no pré-natal para a prevenção e controle da transmissão vertical do vírus da aids.

Rev. Bras. Enferm. vol.74  supl.4 Brasília  2021 – Jan 22, 2021

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