Adesão ao tratamento antirretroviral (TARV) e qualidade de vida
A infecção pelo vírus do HIV ainda é uma grande preocupação global, dados oficiais (UNAIDS, 2019) apontam para cerca de 1,7 milhões de novos casos a cada ano . Entretanto, estes números assustadores já foram maiores em décadas passadas, assim como os tristes dados relacionados à mortalidade das pessoas em decorrência da AIDS.
Nos últimos anos, os medicamentos responsáveis por reduzir a replicação viral (anti-retrovirais), tornaram-se importantes aliados no combate à pandemia do HIV. O surgimento da terapia combinada em 1996, a evolução dos esquemas antirretrovirais permitiu não só reduzir os altos índices de mortalidade e comorbidades nos pacientes infectados pelo vírus, como também promoveu a queda de novos casos ao longo dos anos.
Diante disso, a infecção pelo vírus HIV passa a ser considerada uma condição crônica de saúde e com potencial controle endêmico a partir da implementação da Terapia Antirretroviral (TARV). Deste modo, nota-se a fundamental importância da TARV frente à epidemia do HIV, especialmente quando se analisa a estratégia de tratamento e prevenção adotada pelo governo brasileiro, a partir de meados da década de 1990, quando o Brasil passa a ofertar de forma universal e gratuitamente, por meio da Lei nº 9.313 de 1996, os medicamentos necessários ao tratamento das pessoas vivendo com HIV/Aids.
Recente estudo de pesquisadores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul, que buscou analisar a qualidade de vida e a adesão à terapia antirretroviral, aponta que a supressão viral advinda do uso dos medicamentos antirretrovirais deve ser concomitante ao alcance de qualidade de vida PVHA e, assim, semelhante às de pessoas que não vivem com HIV. E, portanto, o “alcance da longevidade prevista pelo uso adequado da TARV, a adesão ao tratamento deve manter-se adequada ao longo dos anos, resultando na supressão viral das pessoas vivendo com HIV” (2020).
O estudo mostra preocupações sobre questões importantes quanto a alguns elementos que podem interferir na adesão à TARV. Os pontos mais relativos a baixa adessão na amostra do estudo são o sigilo – que refere-se a não revelação de diagnóstico e está relacionada, principalmente, com o estigma e a discriminação -, os fatores de vulnerabilidade social como desemprego, baixa renda e baixa escolaridade.
Os resultados deste estudo evidenciam que a qualidade de vida de pessoas com HIV fica comprometida, principalmente, pela preocupação com o sigilo e preocupação financeira. Em contrapartida, a confiança no profissional é promotora de adesão, colaborando para a melhora da condição de vida das pessoas que vivem com HIV.
Fontes:
PRIMEIRA, Marcelo Ribeiro et al. Qualidade de vida, adesão e indicadores clínicos em pessoas vivendo com HIV. 2020. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-21002020000100425&script=sci_arttext#B2. Acesso em: 07 abr. 2021.
UNAIDS. Joint United Nations Programme on HIV/AIDS [Internet]. 2019 Disponível em:<https://www.unaids.org/sites/default/files/media_asset/2019-UNAIDS-data_en.pdf>.
Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. Boletim Epidemiológico HIV. Brasília: Ministério da Saúde, 2019.