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Veja as diferenças entre a varíola monkeypox e a varíola humana e como elas afetam os humanos
Veja as diferenças entre a varíola monkeypox e a varíola humana e como elas afetam os humanos

Monkeypox e smallpox são vírus primos, porém bem diferentes quando o assunto é transmissão e gravidade


Apesar de terem algumas semelhanças, os vírus monkeypox, conhecido como varíola dos macacos, e o smallpox, da varíola comum, são diferentes. Isso porque ambos têm distinções na sua estrutura, na forma de transmissão e no potencial de gravidade e letalidade, que diferencia a maneira como ela afeta os humanos. 

“Os dois vírus são da mesma família, que é a Poxviridae, e do mesmo gênero Orthopoxvirus, e têm uma identidade genética bastante grande, de quase 90%. Porém existem diferenças que fazem com que a varíola infecte apenas os seres humanos e o monkeypox tenha outros tipos de hospedeiros, que seriam os primatas não humanos e os roedores”, explica a diretora do Laboratório de Virologia do Instituto Butantan, Viviane Botosso. 

A varíola dos humanos

smallpox, o vírus da varíola humana, foi considerado um flagelo da humanidade por provocar uma doença bastante grave, que causou 300 milhões de mortes no mundo no século 20. Ela foi considerada erradicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1980, após uma ampla campanha de vacinação mundial nas décadas de 1960 e 1970. 

Sua origem remonta a epidemias na Idade Média, entre os séculos 10 e 20. Ela se tornou menos mortal a partir da descoberta da vacina contra varíola pelo médico inglês Edward Jenner (1749-1823) ainda no século 18. O imunizante foi produzido com base na inoculação da varíola da vaca em humanos, depois de Jenner perceber que pessoas que ordenhavam vacas que haviam adoecido com a varíola de bovinos (cowpox) não se contaminavam com a varíola humana. 

Inclusive, o termo vacina ou vaccine, em inglês, se refere originalmente ao vírus da varíola da vaca conhecido como vaccínia. O termo ganhou o significado de vacinação quando passou a ser usado pelo cientista francês Louis Pasteur em 1884. 

No Brasil, o primeiro surto da varíola ocorreu em meados de 1555, quando a doença foi introduzida no Maranhão por colonos franceses. Anos depois ocorreu uma epidemia da doença relacionada ao tráfico de escravos africanos e, tempos depois, o vírus foi novamente trazido ao país por portugueses e se estabeleceu em cidades portuárias até chegar ao interior. 

A Campanha de Erradicação da Varíola foi criada em decreto em 1966, quando substituiu a Campanha Nacional contra a Varíola, de 1962. A vacinação em massa, que imunizava pessoas em praças públicas e em escolas, usava um injetor de pressão para aplicação da vacina, o que permitia imunizar mais pessoas em menos tempo, já que a doença se espalhava como pólvora. Com adesão de 100% da população na campanha, o Brasil recebeu a certificação internacional da erradicação da varíola em 1973, segundo dados do Ministério da Saúde

“O smallpox causava uma doença que foi bastante grave e que perdurou durante séculos sem grandes resoluções sobre o que poderia ser feito, já que ela tinha uma letalidade alta e era extremamente transmissível. Até que houve o descobrimento das vacinas que acabou levando a erradicação dessa doença graças a uma campanha enorme de vacinação em massa nas décadas de 1960 e 1970”, resume Viviane.

A varíola dos macacos

Já a varíola dos macacos (monkeypox) é considerada uma zoonose viral (vírus transmitido aos seres humanos a partir de animais) com sintomas muito semelhantes aos observados em pacientes com varíola humana, embora seja clinicamente menos grave. O período de incubação da varíola dos macacos é geralmente de seis a 13 dias, mas pode variar de cinco a 21 dias, segundo a OMS. 

Segundo Viviane Bottosso, o termo varíola dos macacos não reflete exatamente a origem do vírus, embora tenha se tornado seu nome mais popular. “Não é o correto falarmos varíola dos macacos. Esse foi o nome que ficou conhecido popularmente, porque o vírus foi detectado inicialmente em macacos que foram exportados da África para a Dinamarca e a doença foi verificada e identificada neles como um poxvírus. Porém, se sabe que roedores adquirem a doença”, conta a virologista.

Existem duas linhagens do vírus da varíola dos macacos, com diferentes níveis de gravidade: a da África Ocidental e a da Bacia do Congo (África Central). As infecções humanas com a da África Ocidental parecem causar doenças menos graves em comparação à da Bacia do Congo, segundo a OMS.

Os países onde a varíola dos macacos é considerada endêmica são Benin, Camarões, República Centro-Africana, República Democrática do Congo, Gabão, Gana (identificado apenas em animais), Costa do Marfim, Libéria, Nigéria, República do Congo, Serra Leoa e Sudão do Sul. 

Publicado em: 01/06/2022

Fonte: https://butantan.gov.br/

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