Nos dias 04, 05 e 06 de abril aconteceu em Aracaju, capital do estado de Sergipe, a apresenta\u00e7\u00e3o dos dados preliminares do \u201cCenso Trans: Pesquisa sobre o perfil socioecon\u00f4mico de travestis e transexuais do g\u00eanero feminino em 10 capitais brasileiras\u201d, que \u00e9 um projeto da Rede Nacional de Pessoas Trans \u2013 REDETRANS, o qual \u00e9 financiado tamb\u00e9m pelo Fundo Positivo.<\/p>\n\n\n\n
Esse censo est\u00e1 mapeando e configurando um perfil socioecon\u00f4mico da popula\u00e7\u00e3o trans brasileira e tem como intuito formar um banco de dados para que se engendrem pol\u00edticas p\u00fablicas que atuem na redu\u00e7\u00e3o da exclus\u00e3o social da popula\u00e7\u00e3o trans. Primeiramente foi pensado para mulheres trans, mas na pr\u00f3pria confer\u00eancia ressaltaram que os homens trans devem e ser\u00e3o inclu\u00eddos nessa pesquisa posteriormente, assim como ser\u00e3o inclu\u00eddos novas capitais.<\/p>\n\n\n\n
Durante esses dias de evento houve o Workshop da REDETRANS que realizou uma forma\u00e7\u00e3o em advocacy e contou com militantes e associadas da REDETRANS de todo o pa\u00eds. Os temas foram variados como a quest\u00e3o da seguran\u00e7a p\u00fablica e mapeamento de pol\u00edticas nesta \u00e1rea, a quest\u00e3o da formula\u00e7\u00e3o e gest\u00e3o das pol\u00edticas p\u00fablicas voltadas para a quest\u00e3o trans, m\u00eddia e mobiliza\u00e7\u00e3o positiva desta, a quest\u00e3o de levantamento de dados e o manuseio correto deles, demandas referentes a sa\u00fade deste segmento e, por fim, a an\u00e1lise dos dados levantados pelo censo em diferentes perspectivas. Foram dias com muitas provoca\u00e7\u00f5es e falas que mostravam a realidade em diversos estados brasileiros, o que foi muito rico e plural, onde no \u00faltimo dia realizaram uma reuni\u00e3o para definir as pr\u00f3ximas a\u00e7\u00f5es da REDETRANS<\/p>\n\n\n\n
Sobre os dados, mesmo que preliminares temos que foi majoritariamente respondido por mulheres trans e travestis, onde 58,2% delas se declaram pretas e pardas e foi uma popula\u00e7\u00e3o relativamente jovem que respondeu, visto que 85,3% tinham at\u00e9 35 anos, onde mais da metade concluiu o ensino m\u00e9dio, por\u00e9m, 20,4% delas n\u00e3o tinha nem o fundamental completo. Outro dado \u00e9 que 82, 4% das respondentes s\u00e3o trabalhadoras sexuais. Ainda sobre esses dados 63% delas tem rendimento salarial de at\u00e9 1 sal\u00e1rio-m\u00ednimo e que 27% n\u00e3o tem renda nenhuma. Na quest\u00e3o da sa\u00fade, ainda cabe dizer que muitas tomavam horm\u00f4nios por indica\u00e7\u00e3o de terceiros e por conta pr\u00f3pria (98%) e mais da metade (55%) j\u00e1 aplicaram o silicone industrial no corpo. Quando se fala das viol\u00eancias, sejam elas sexuais, verbais, f\u00edsicas e at\u00e9 a expulsam de casa, mais de 70% das respondentes relata ter passado por pelo menos uma delas.<\/p>\n\n\n\n
Todos esses dados revelam a situa\u00e7\u00e3o dr\u00e1stica que as pessoas trans vivem no Brasil e o quanto se faz urgente iniciativas n\u00e3o s\u00f3 pela REDETRANS e o Fundo Positivo, mas do pr\u00f3prio estado brasileiro na fomenta\u00e7\u00e3o de pol\u00edticas p\u00fablicas. \u00c9 percept\u00edvel que esferas b\u00e1sicas como educa\u00e7\u00e3o, sa\u00fade, trabalho e renda s\u00e3o quest\u00f5es precarizadas quando falamos de vidas trans. A pedagogia da viol\u00eancia como bem coloca a professora Luma Andrade, se faz presente ainda n\u00e3o s\u00f3 nas vidas destas pessoas como na pr\u00f3pria sociedade brasileira, onde a palavra exclus\u00e3o ainda \u00e9 a que predomina. Por\u00e9m, com as a\u00e7\u00f5es de advocacy e os movimentos sociais, incidindo junto ao Estado Brasileiro, \u00e9 poss\u00edvel se encontrar caminhos para dirimir esta realidade. A REDETRANS agradecemos pelo o importante e necess\u00e1rio trabalho.<\/p>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
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