O Fundo PositHiVo, amparado por um comitê independente de avaliação formado por consultores, especialistas e ativistas, escolheu nesta quinta-feira (11 de maio) os 15 projetos contemplados com recursos oferecidos pelo Edital Público 2017. A principal característica das Organizações escolhidas e seus projetos é o ineditismo. Pela primeira vez, algumas populações serão beneficiadas com recursos para oferecer e receber conhecimento sobre prevenção, testagem e tratamento de HIV/Aids e hepatites virais.
Dentre essas populações, destaque para deficientes auditivos, idosos, prostitutas, pessoas trans negras vivendo em favelas e habitantes de regiões da longínqua fronteira Norte do país, abrangendo cidades da Venezuela e da Guiana. Também estão integrados trabalhos com populações tradicionais, além de regiões raramente contempladas com recursos a projetos desta natureza, como Teresina, no Piauí, a Amazônia, ou mesmo a periferia e favelas de grandes centros como São Paulo e Rio de Janeiro.
“É muito gratificante conseguir atingir estas populações tradicionais. Mostra a abrangência do Fundo PositHiVo e sua capacidade de atender regiões distantes ou pessoas que convivem com o HIV/Aids e estão à margem de ações deste tipo”, diz Harley Henriques, coordenador geral do Fundo PositHiVo. “Estamos acostumados a falar sobre prevenção por meio de linguagem oral e escrita. É hora de começar a se expressar sobre este tema em Libras (linguagem brasileira de sinais)”, lembrou Diego Callisto, do Departamento de IST, Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde e membro do comitê independente de avaliação dos projetos.
Com o tema “Ações de Prevenção e Advocacy Relacionados à Epidemia de HIV/Aids e Hepatites Virais”, o Edital 2017 recebeu 120 projetos inscritos entre os dias 5 de abril e 5 de maio. Dentre estes 120, 88 respeitavam às normas do Edital e foram submetidos à avaliação do comitê independente. (Os 32 projetos não qualificáveis foram, em geral, inscritos por hospitais e universidades, e não por Organização de base comunitária, conforme determina o estatuto do Fundo PositHiVo).
Já entre os 88 projetos analisados, 50 receberam pontuação que permitiria a contemplação com recursos do Edital. Porém, apenas 15 poderiam ser eleitos – o que evidencia uma grande demanda reprimida por recursos para projetos em HIV/Aids e hepatites. Restou ao comitê de avaliação, formado por seis especialistas, a árdua tarefa de determinar os 15 vencedores.
“É importante poder escolher, por méritos, projetos de Organizações localizadas em cidades com grande prevalência de HIV/Aids, ou mesmo periferias e favelas”, comentou a consultora autônoma Fabi Mesquita. “Com certeza é algo inédito termos pessoas especiais, como deficientes auditivos, recebendo este tipo de apoio para lidar com a epidemia de HIV/Aids. Isso é muito importante”, afirmou Analice de Oliveira, do Centro de Referência e Treinamento (CRT), da Secretária da Saúde do governo de São Paulo.
Fabi Mesquita (consultora); Pierre Freitaz (consultor); Silvia Almeida (consultora), Diego Callisto (do Ministério da Saúde), Selma Moreira (Fundo Baobá) e Analice de Oliveira (CRT-SP) formaram o comitê de avaliação, que durante a última semana analisou todos os 88 projetos qualificados até chegar aos 15 contemplados. O Fundo agradece a todos.
Recursos para os próximos meses
As Organizações com projetos contemplados vão receber R$ 25 mil cada, além de apoio logístico do Fundo, para tocarem seus projetos ao longo de sete meses. Como a largada será dada já no começo de junho, os projetos devem durar até dezembro.
Confira a seguir as Organizações e projetos vencedores do Edital Público 2017 do Fundo PositHiVo. A todos eles, nossos parabéns e a certeza de que os laços vão se estreitar muito ao longo dos próximos meses. Aos demais inscritos, nossos sinceros agradecimentos e o convite para os próximos editais!
Região Norte
Associação de Bem Com a Vida (Boavista-RR e Pacaraima-RR)
Projeto VenhamMulheres!
Juventude e Mulheres de Roraima e região de fronteira com a Venezuela
Coletivo Difusão (Amazonas)
Projeto Cineclube Positivo
Público-alvo: Juventude
DPAC Fronteira (Oiapoque-AP)
Projeto Oiapoque: Cooperação e Saúde
Público-alvo: Juventude, Mulheres e LGBT na região de fronteira com a Guiana Francesa
Região Nordeste
Associação Arte e Cultura do Bairro Baianão (Porto Seguro-BA)
Projeto Arte, Cidadania e Prevenção às IST, HIV e AIDS
Público-alvo: Juventude, Mulheres e Idosos
Grupo Matizes (Teresina-PI)
Projeto A Gente Quer Viver Pleno Direito
Público-alvo: Comunidade LGBT
Apros-PB – Associação das Prostitutas da Paraíba (Sapé, Itabaiana, Patos e Cajazeira-PB)
Projeto Combinando Prevenção com Advocacy
Público-alvo: Mulheres em situação de prostituição
Região Centro-Oeste
Associação GDA – Grupo de Diversidade LGBT (Anápolis-GO)
Projeto #JovensAntenados – Prevenção Combinada, Incidência Política e Advocacy
Público-alvo: Juventude, Idosos, Mulheres e LGBT
Palco Comparsaria Primeira de Talentos (Cidades-satélites do DF)
Projeto Gincana Mais – Protagonismo de Jovens Gays e Homens Bissexuais em DST/HIV/Aids e Hepatites Virais
Público-alvo: Juventude e LGBT
Região Sudeste
Grupo Conexão G de Cidadania LGBT de Favelas (Rio de Janeiro-RJ)
Projeto Afirmando Vozes e Identidade
Público-alvo: População Negra, Juventude e LGBT
ECOS-Comunicação em Sexualidade (São Paulo-SP)
Projeto Sinais da Prevenção
Público-alvo: Pessoas surdas, Juventude, LGBT
Associação Ilê Ache Omo Odê (SãoPaulo-SP)
Projeto Povos de Comunidades Tradicionais na Prevenção do HIV/Aids e Hepatites Virais
Público-alvo: População Negra, Juventude, Idosos, LGBT
Reprolatina Sol. In. em Saúde Sexual e Reprodutiva (Paulínia-SP)
Projeto Melhor idade, sim; Aids, não: Informação é Prevenção!
Público-alvo: Idosos
Região Sul
Rede Mulheres Negras (Curitiba-PR e Foz do Iguaçu-PR)
Projeto Prevenção combinada para promoção da vida longa, com saúde e sem racismo
Público-alvo: População Negra, Mulheres, Juventude, Idosos e LGBT
APVHA (Porto Alegre-RS)
Projeto #NosOtras – A caminho da Prevenção com Autonomia
Público-alvo: Juventude, Mulheres e População Negra
Igualdade RS (Região Metropolitana de Porto Alegre-RS)
Projeto Prevenção e Cidadania
Público-alvo: Comunidade LGBT