A cidade de São Borja, na região oeste do Rio Grande do Sul, possui cerca de 63 mil habitantes (IBGE/2015). Entre eles, estão cidadãos LGBTT’s que vêm se organizando cada vez mais a fim de garantirem maiores direitos e reconhecimento.
Neste contexto foi fundado, há 9 anos, o movimento “Girassol, Amigos na Diversidade”, organização que promove diversas ações com foco na juventude LGBTT’s, além de buscar o diálogo constante com educadores e o poder público. Pela abrangência de suas ações, o “Girassol” é uma das 15 Organizações vencedoras do “Primeiro Edital Público” do Fundo PositHiVo.
Com os recursos oferecidos pelo edital (R$ 25 mil), o movimento vai desenvolver projetos ao longo de todo o segundo semestre de 2016 em São Borja e municípios vizinhos. A primeira ação é a “1ª Virada Cultural LGBTT’s da Região”, que vai ocorrer na cidade nos dias 27 e 28 de agosto (sábado e domingo).
“A ideia da Virada Cultural é fruto das atividades que a gente já vem fazendo em parceria com o município”, explica a assistente social Lins Roballo, coordenadora de projeto do “Girassol”. “E com os recursos do edital do Fundo PositHiVo conseguimos não apenas realizar uma grande Virada, como estender os projetos e atividades para seis meses, não apenas em São Borja, mas outros municípios da região”, comemora.
A “1ª Virada Cultural da Região” vai contar no sábado, dia 27, com o “Cine Diversidade”, no qual serão exibidos filmes de temática LGBTT, espaço de denúncia sobre violência cometida contra a comunidade e rodas de debate. Já no domingo haverá um café-da-manhã no campus da Universidade Federal do Pampa (Unipampa) e exposição fotográfica. Já o “Parcão”, como é conhecido o principal parque de São Borja, será palco de diversas ações, com barracas de diversos movimentos e uma grande ocupação LGBT.
Outro grande objetivo do “Girassol, Amigos na Diversidade” com a Virada é entrar em contato com jovens LGBT da cidade e da região, conhecê-los e cadastrá-los a fim de ampliar o leque de ações de conscientização e prevenção na comunidade.
Segundo Lins Roballo, há muitos adolescentes gays na região que, ao se assumirem, acabam indo viver na rua, longe do apoio e de trabalhos de prevenção. Por conta disso, os casos de HIV/Aids vêm crescendo na região, especialmente entre os jovens. E é justamente este o foco de atuação do Fundo PositHiVo. “Nós trabalhamos muito com prevenção e cuidados, mas infelizmente os casos crescem. Somos uma cidade de fronteira, com grande fluxo de turistas e caminhoneiros, o que dificulta ainda mais esta prevenção”, analisa a coordenadora.
Ao identificar um jovem em condição de vulnerabilidade, o “Girassol” trabalha em conjunto com o Serviço de Atendimento Especializado (SAE) do município.
EDUCAÇÃO E TRABALHO
Aproveitando ainda os recursos oferecidos pelo edital do Fundo PositHiVo, o “Girassol” vem promovendo encontros da comunidade LGBTT com educadores e profissionais de saúde da região. Professores da rede municipal e estadual, por exemplo, ouviram palestras sobre gênero e identidade de gênero, com foco na proteção e na permanência de LGBTT’s nas escolas.
Trabalhadores em saúde do município vizinho de Itaqui também vêm recebendo formação em acolhimento e escuta de demandas da comunidade, além de serem orientados sobre a importância do sigilo no atendimento a pessoas com HIV/Aids e Hepatites Virais. O mesmo foi realizado com profissionais de São Borja.
O “Girassol” também vem recebendo reuniões semanais com o público LGBTT da região, no qual há orientação sobre prevenção e garantia de direitos, além de distribuição de gel e preservativos – em parceria com o SAE.
“O movimento tem dado garantias de segurança e de saúde para a comunidade LGBT da região”, comemora Lins Roballo. “Somos referência para eles, e queremos continuar assim. Temos visto travestis indo para escolas e universidades, o que é muito gratificante para a gente.”
E é gratificante para o Fundo PositHiVo também. Parabéns, “Girassol”!
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