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ESTUDO: Autocoleta de amostras para ISTs no reto e na garganta apresentam a precisão diagnóstica da amostragem por um profissional de saúde

De acordo com publicação relatada na edição online da Clinical Infectious Diseases, a autocoleta de amostras para infecções sexualmente transmissíveis no reto e na garganta é tão precisa quanto o teste realizado por um profissional de saúde. Os pesquisadores de Leeds, no Reino Unido, chegaram a essa conclusão após um estudo que envolveu mulheres e homens gays. Eles descobriram que a autocoleta retal e da garganta era igual em precisão à amostragem por profissionais de saúde.

Um grande número de infecções retais foi identificada em indivíduos que não relataram histórico de sexo anal. Os pesquisadores, liderados pela doutora Janet Wilson, recomendam, portanto, o rastreamento de infecções retais e de garganta em mulheres e homens gays, independentemente da atividade sexual relatada.

“Houve boa concordância entre o teste clínico e as amostras colhidas pelos próprios pacientes, sem diferença na precisão do diagnóstico”, escrevem os autores. “Como a história sexual não identifica aqueles com infecções extragenitais, nosso estudo apoia fortemente a evidência existente para amostragem universal em homens que fazem sexo com homens e mulheres submetidos a testes de clamídia e gonorreia.”

A autocoleta de amostras para ISTS, seja em ambientes comunitários ou em casa, usando kits, está se tornando mais comum no Reino Unido. A Dra. Wilson e seus colegas da Leeds Sexual Health, da Leeds University e do Imperial College London, no entanto, estavam cientes de que as evidências da precisão da autocoleta eram relativamente fracas. Os pesquisadores procuraram abordar essa lacuna, realizando o primeiro grande estudo prospectivo comparando a precisão do diagnóstico de amostras coletadas por profissionais de saúde e autocoleta para a detecção de clamídia e gonorreia no reto e na garganta. Os autores também compararam o tempo necessário para esses métodos de amostragem e calcularam os possíveis benefícios econômicos da autocoleta.

Havia 1.793 participantes do estudo, composto por 1.284 mulheres e 509 homens gays, que receberam atendimento no Leeds Sexual Health entre 2015 e 2016. As mulheres tinham uma idade média de 23 anos. Pouco mais de um terço (38%) apresentavam sintomas que sugeriam um problema genital devido a infecções sexualmente transmissíveis. Quase todas tinham histórico de sexo vaginal, 96% haviam feito sexo oral e 46% haviam feito sexo anal. Os homens gays tinham em torno dos 29 anos e 13% tinham sintomas que indicavam uma possível IST uretral. A grande maioria (90%) tinha história de sexo anal receptivo e quase todos tinham história de sexo oral.

Um profissional de saúde coletou amostras dos órgãos genitais, reto e garganta. Os participantes então realizaram a autocoleta dos mesmos locais.

Para ajudar a eliminar o risco de viés, ou seja, um erro sistemático na condução do estudo (por exemplo, no recrutamento, avaliação de desfechos ou análise dos dados), que pode levar a resultados incorretos, os funcionários do laboratório que analisou as amostras não sabiam quais foram coletadas pelos profissionais de saúde e quais foram as obtidas por autocoleta. Testes rigorosos foram realizados para ajudar a reduzir o risco de resultados falso-positivos.

Não houve diferenças marcantes na precisão do diagnóstico de esfregaços colhidos por profissionais de saúde e pacientes. Para gonorreia retal, as taxas de detecção foram de 93% e 98% para as amostras clínicas e autocoletadas, respectivamente. As taxas correspondentes para clamídia retal foram de 96% e 97%. A amostragem para infecções de garganta também teve precisão comparável: a amostragem clínica detectou com precisão 93% da gonorreia e 92% das infecções por clamídia, com as taxas de autocoleta sendo de 96% e 94%, respectivamente.

Os pesquisadores também descobriram que um grande número de infecções na garganta e no reto não teriam sido detectadas se os testes fossem guiados pelas histórias sexuais fornecidas aos profissionais de saúde.

Nas mulheres, 9% das infecções por gonorreia e 13% das infecções por clamídia ocorreram em indivíduos sem infecção genital, enquanto a prevalência de clamídia retal foi maior do que a prevalência de clamídia genital (17% vs 16%).

Os homens gays eram mais propensos a infecções no reto ou na garganta do que na uretra. Dois terços dos diagnósticos de gonorreia e 71% dos casos de clamídia ocorreram em homens que não tinham infecção no pênis.

A autocoleta de amostras demorou um pouco mais (em média quatro minutos) do que a amostragem de profissionais de saúde (três minutos), mas demonstrou ser mais econômica do que a realizada por médicos. Portanto, os pesquisadores acreditam que suas descobertas têm implicações importantes para os formuladores de políticas públicas e serviços de ISTs, mostrando que a autocoleta de amostras para infecções na garganta e no reto produz resultados altamente precisos. Além disso, acreditam que suas descobertas apoiam fortemente a triagem de todos os homens gays e mulheres para ISTs na garganta e reto durante os exames de saúde sexual.

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