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Pesquisa: pessoas vivendo com HIV e hepatite C

A hepatite C e o cuidado de pessoas vivendo com HIV foram tema do “Digital International Liver Congress” (Congresso Digital Internacional do Fígado). De acordo com pesquisadores da coorte francesa HEPAVIH, pessoas vivendo com HIV não têm risco maior de complicações relacionadas ao fígado ou morte por doença hepática quando são tratadas de hepatite C com antivirais de ação direta.

Quando não são tratadas, o risco de progressão e morte por doença hepática é maior do que o das pessoas que estão apenas com hepatite C. O tratamento antiviral de ação direta apresenta taxas de cura acima de 90% para a maioria das populações, mas os resultados de saúde em longo prazo das pessoas com coinfecção por HIV e Hepatite C ainda não são claros.

Um total de 2.049 pessoas com infecção prévia de hepatite C e 592 pessoas com HIV e infecção prévia de hepatite C foram incluídas no estudo. A coorte era predominantemente masculina (73%), com mediana de idade de 53 anos. Todos foram tratados com antivirais de ação direta entre 2014 e 2017. A análise excluiu pessoas com histórico de eventos relacionados ao fígado antes do tratamento. Pessoas com HIV viviam com hepatite C há mais tempo (18 anos versus 14,5 anos), mas a cirrose era menos comum entre pessoas com HIV (28% contra 41%). Noventa e três por cento das pessoas vivendo com HIV e 94,6% das pessoas com hepatite C foram curadas. Os regimes de tratamento predominantes foram sofosbuvir/ledipasvir ou sofosbuvir/daclatasvir.

O consumo de álcool foi mais comum em pessoas que vivem com HIV (53% vs 2%), assim como o tabagismo (60% vs 48%). Em média, o acompanhamento aos participantes da pesquisa foi feito por 2,8 anos após o tratamento. Não houve diferença significativa na incidência de eventos relacionados ao fígado.

Também não houve diferença significativa na mortalidade relacionada ao fígado. Pessoas que vivem com HIV e hepatite C não tiveram um risco aumentado de eventos relacionados ao fígado ou de morte por doença hepática em comparação a pessoas que tinham apenas hepatite C.

Em geral, 88% das pessoas com HIV que morreram alcançaram uma resposta virológica sustentada, em comparação com 82% das pessoas monoinfectadas que morreram.

Mathieu Chalouni, pesquisador da Universidade de Bordeaux, disse que o maior risco de mortalidade não hepática pode ser explicado pela inflamação relacionada ao HIV e imunodeficiência ou pelo maior consumo de álcool e tabaco. Para ler o estudo completo: Chalouni M et al. HIV co-infection and risk of morbidity and mortality in HCV patients treated by DAA. Journal of Hepatology, supplement 1 [International Liver Congress], S105, AS153, 2020.

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