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Controle Mundial do HIV e de ISTs ainda é lento, indica relatório da ONU

Essa semana, a Agência Aids publicou uma importante notícia, escrita por Ricardo Vasconcelos, do portal UOL, sobre um relatório da ONU que avalia o progresso do controle mundial de doenças como hepatites virais, infecção por HIV além das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

Em 2015, a ONU (Organização das Nações Unidas) lançou um plano de metas para serem atingidas até 2030 com o objetivo de tornar o mundo melhor e mais sustentável.

Denominado Sustainable Development Goals (Metas de Desenvolvimento Sustentável), ele conta com 17 objetivos em diversas áreas. A meta número 3 (saúde e bem-estar da população mundial) tem como um dos seus principais pilares o controle de doenças transmissíveis, entre elas a infecção por HIV, as hepatites virais e as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs).

No último relatório foi avaliado o progresso no controle mundial dessas doenças entre os anos de 2016 e 2021. E consta no documento que as infecções por HIV, hepatites B e C, e ISTs juntas ainda contam com mais de 1 milhão de novos casos todos os dias em todo o mundo e anualmente são responsáveis por 2,3 milhões de óbitos, 14% de todas as mortes em decorrência de doenças infecciosas.

Segundo a reportagem, a má notícia é que os novos casos dessas infecções não estão caindo como deveriam. Para o HIV, por exemplo, em 2019 foram registrados 1,7 milhão de novos casos, mais de 3 vezes a meta de 500 mil estabelecida pela ONU para o final dessa década.

Somente em 2019, foram registrados também 3 milhões de novas infecções por hepatites B e C e 374 milhões novos casos de sífilis, gonorreia, clamídia e trocomoníase, sendo que essas últimas 4 infecções, apesar de serem facilmente tratáveis e curáveis, têm sua curva de incidência em platô, sem tendência de queda.

O relatório mostra também que importantes avanços foram obtidos em algumas áreas. A expansão da vacinação contra hepatite B ao nascimento está derrubando o número de novos casos, fazendo com que essa seja a doença mais próxima da meta de controle.

Para hepatite C, desde 2015 o número de pessoas anualmente recebendo o tratamento capaz de curar a infecção aumentou em mais de 9 vezes, chegando agora a 9,4 milhões de pessoas.

Houve também uma impressionante ampliação de acesso ao tratamento antirretroviral para o HIV, fazendo com que hoje em todo mundo dois terços das pessoas que vivem com esse vírus e 85% das gestantes soropositivas estejam em tratamento. O resultado desse avanço é uma redução significativa das mortes em decorrência da Aids e da transmissão materno-infantil do HIV.

O relatório destaca também que o maior desafio para se alcançar as metas de controle do HIV e outras ISTs é a desigualdade no acesso às tecnologias de diagnóstico, prevenção e tratamento desses agentes.

As barreiras nesse acesso são maiores sobretudo quando estamos falando das populações mais vulnerabilizadas socialmente e que mais se beneficiariam dessas intervenções, como as mulheres jovens e adolescentes e seus parceiros, os homens gays e bissexuais, as pessoas trans, os usuários de drogas, os trabalhadores do sexo e a população carcerária.

O relatório da ONU, portanto, reforça o que já sabíamos. As ferramentas para vencer as epidemias de HIV, hepatites virais e ISTs já existem, mas determinantes sociais, como o estigma e a discriminação, são os principais responsáveis pela continuidade dos novos casos e das mortes em decorrência dessas infecções.

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