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O enfrentamento ao HIV pode ser prejudicado por atitudes homofóbicas

Muito mais que medicamentos, o progresso para atingir bons índices de adesão ao tratamento, prevenção e até mesmo o controle de casos de HIV/Aids precisa de muito mais. O enfrentamento ao HIV pode, sim, ser prejudicado por atitudes e cultura homofóbicas.

Recentemente, uma publicação na Agência Aids abordou que os países que criminalizam as relações entre pessoas do mesmo sexo, o trabalho sexual e o uso de drogas têm significativamente mais pessoas com HIV não diagnosticado e taxas mais baixas de supressão viral do que os países que não criminalizam ou criminalizam essas áreas em menor grau.

Uma análise feita pelo Dr. Matthew Kavanagh, da Universidade de Georgetown, nos Estados Unidos, mostra que  os países com proteções de direitos humanos em vigor se saíram muito melhor do que aqueles sem esses indicadores relacionados ao HIV.

Segundo ele, as diferenças entre leis e políticas ajudam a explicar por que, à medida que a ciência relacionada ao HIV avançou rapidamente, alguns países realizaram um progresso notável na AIDS, enquanto outros vêem epidemias em expansão.

As metas do Unaids 2020 – que 90% das pessoas que vivem com HIV conheçam seu status, 90% daqueles que sabem seu status estão em tratamento e 90% daqueles em tratamento são suprimidos por vírus – foram alcançadas em vários graus em todo o mundo, com alguns países fazendo progressos incríveis e outros ficando para trás.

Somente  23 países estão em vias de reduzir as novas infecções por HIV em 90% até o ano de 2030.

Ainda segundo a Agência Aids, são vários os fatores que determinam os resultados do HIV. Mas os ambientes jurídicos e políticos podem moldar a vulnerabilidade ao HIV e a facilidade com que aqueles em risco e vivendo com HIV são capazes de acessar serviços ao longo do cuidado contínuo ao HIV, a partir do teste ao tratamento.

Os recursos financeiros nem sempre são o fator central. Na Tailândia, por exemplo, mais de 90% das pessoas que vivem com HIV sabem seu status e 78% têm supressão viral. Já os Estados Unidos, o país que mais gasta com saúde no mundo – onde o progresso no sentido de atingir as metas varia amplamente de estado para estado e o país como um todo fez um progresso mais lento em direção aos 90:90: 90 do que alguns países que gastam muito menos.

Segundo os pesquisadores da Universidade de Georgetown,  em alguns países, populações-chave – como homens gays e bissexuais, pessoas trans, profissionais do sexo e usuários de drogas injetáveis ​​enfrentam barreiras para acessar os serviços de HIV tão necessários.

A criminalização contribui para um clima de estigma em relação a esses comportamentos – inclusive por parte de profissionais de saúde e instituições governamentais – levando as pessoas que vivem com HIV a evitar a procura de serviços e a desconfiar dos prestadores de serviços.

O estudo americano considerou dados de 194 estados membros da ONU para avaliar amplamente se os países com leis de criminalização alcançaram melhores ou piores resultados relacionados ao HIV em relação ao conhecimento do status do HIV e supressão viral.

Fontes: ttps://gh.bmj.com/content/5/9/e003695

https://agenciaaids.com.br/noticia/paises-que-criminalizam-relacoes-entre-pessoas-do-mesmo-sexo-trabalho-sexual-e-uso-de-drogas-tem-resultados-mais-fracos-no-enfrentamento-ao-hiv/

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