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HIV/Aids não só pega em gays!

Texto: Saúde Positiva

Pouco mais de 40 anos após os primeiros casos de infecção pelo vírus do HIV e das primeiras mortes em decorrência da Aids, esta frase ainda é necessária ser feita.

Como todos os vírus, todas pessoas estão suscetíveis a se contaminarem, sejam homossexuais, heterossexuais, bissexuais…indivíduos de todos os gêneros e sexualidades. Numa recente pesquisa dos programas de pós-graduação da Universidade Federal de Minas Gerais e Universidade Federal do Rio Grande do Sul, apontam que, “nos dados oficiais, os homens heterossexuais representam 49% dos casos, os homossexuais 38% e os bissexuais 9,1%”.

Dados desta pesquisa revelam que, dos diagnósticos entre 1980 e 2018, um alto percentual de novos casos de HIV/Aids se consolidou entre indivíduos do sexo masculino, o que representa cerca de 65,5% dos infectados. Os estudos que mapeiam o perfil epidemiológico do HIV/Aids apontaram para crescimento e contínuo entre grupos pertencentes ao gênero masculino ao longo de décadas.

No inicio da epedimia, perfis do gênero masculino que faziam sexo com outros homens eram chamados de ‘grupo de risco’ (vale ressaltar que esta terminologia não é nada adequada. Hoje  fala-se sobre as comportamento de risco).

Este pensamento ou perfis de grupos visto por muitos anos como risco, só fez reforçar a ideia e os estigmas que o vírus só circula só entre a comunidade gay.Portanto, o estigma que a categoria “grupo de risco” produziu, passou-se a usar o conceito de comportamento ou situação de risco, destacando práticas e não identidades.

Assim, o que vem sendo notado no decorrer das últimas décadas é que, os homens heterossexuais, por não serem percebidos como ‘grupo com risco’ para a infecção pelo HIV, ficavam subsumidos na categoria de “população geral” nas análises. O que pode ter gerado a falsa ideia de que este grupo não se contaminasse.

Entretanto, a pesquisa indica que os dados dos últimos boletins epidemiológicos do HIV/Aids (2017-2019), do Ministério da Saúde, mostram que, no Brasil, 73% (30.659) dos novos casos de HIV ocorreram no sexo masculino. Um em cada cinco novos casos de HIV estão entre homens de 15 a 24 anos (2017). Entre homens na faixa etária de 20 a 24 anos a taxa de detecção de Aids cresceu 133% entre 2007 a 2017, passando de 15,6 para 36,2. Destes números, predomínio da exposição pela via de relação heterossexual, correspondendo a 57,54% dos casos.

De acordo com uma pesquisa internacional realizada pelo Governo Ocidental da Austrália, em 2019, houve uma queda de 51% de casos de infecção entre os homens que se relacionaram sexualmente com outros homens quando comparado aos cinco anos anteriores. Já entre os héteros, houve um aumento de 21%.

A pesquisa brasileira, traz reflexões muito importantes quanto a questões de gênero, testagem, diagnóstico precoce, masculinidade, machismo e outros. Segundo os pesquisadores, “discursos sobre a doença, tanto médico quanto da mídia, reforça os padrões da masculinidade hegemônica segundo os quais os ‘homens de verdade’ são imunes às doenças. Essa diferenciação faz com que os homens heterossexuais tenham dificuldade em se perceber em risco para a aids.”

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